sábado, 29 de janeiro de 2011

Ninguém noticiou e muitos nem se lembraram, mas na tragédia do Rio havia e ainda há muitos diabéticos necessitando de ajuda


Ninguém deve ter se "tocado", mas imaginem só que no meio à enorme tragédia habia um grande número de pessoas portadoras de doenças crônicas. Imaginem só uma pessoa que precisa de realizar hemodiálise no meio a este mar de lama. Imaginem o paciente com insuficiência cardíaca. 

Neste mesmo sentido, imaginem só pacientes diabéticos isolados e sem acesso a medicação ou sem geladeira para armazenar a insulina. 

No link abaixo uma médica endocrinologista que trabalha na região fornece seu depoimento ao site da Sociedade Brasileira de Diabetes. Ouçam a entrevista:  http://goo.gl/sUfZE

sábado, 22 de janeiro de 2011

O paciente diabético deve ser independente. Não há escolha!

Não há dúvidas de que um dos maiores desenvolvimentos do século XX foi a insulinoterapia. Tenho certeza de que os pesquisadores canadenses Banting & Best , em 1922, nem imaginariam o que repercutiu a pesquisa deles ao longo dos anos. E isto foi muito além do Prêmio Nobel que a pesquisa rendeu.

Até este ano de 1922 os diabéticos tipo 1 tinham sobrevida de meses ou anos. Graças às injeções de insulina que este quadro mudou. Graças a esta inovação pacientes diabéticos tipo 1 hoje têm qualidade de vida igual ou até mesmo melhor do que a de muitos não diabéticos.

Hoje atendi uma paciente de 10 anos de idade, super-inteligente, ativa, que está escrevendo um livro sobre diabetes que certamente será um sucesso nas bancas. Até hoje nunca conheci uma criança de 10 anos preocupada em escrever um livro.

Para minha surpresa, ela me disse que sua mãe aplicava a insulina. Sinceramente fiquei pasmo, pois ela sabia a dose adequada para aplicar, sabia o que fazer de acordo com os valores da glicose, sabia a importância do diabetes e sabia manusear a caneta de aplicação. Em outras palavras, ela sabia coisas bem mais difíceis, mas não fazia o mais básico que era a autoaplicação

Este é apenas um exemplo dentre vários do dia-a-dia do consultório. Há pacientes adultos que ainda não se autoaplicam a insulina.

A autoaplicação é fundamental pois faz o paciente lembrar de que ele é autônomo, suficiente e que não há necessidade de ser ajudado. Não há dúvidas de que mãe, pai, irmão têm o maior prazer em aplicar a insulina no paciente diabético. Mas a questão não é esta...

Aos parentes que têm "pena" do paciente diabético: o grande legado ou ajuda que você pode fazer para o seu paciente diabético é ensiná-lo a ser completamente independente. Sendo independente o paciente poderá dormir na casa de colegas, viajar, briancar e estudar com mais tranquilidade. Não tenho dúvidas de que o amor de quem cuida do paciente diabético é tão grande que eles poderia fazer as aplicações diárias sem problemas e para o resto da vida, mas a questão não é esta e sim a independência do paciente.

É óbvio que em pacientes muito novos não há como haver a autoaplicação e é claro que cada caso é um caso. A autaplicação deve ser iniciada com monitorização dos pais e de acordo com a dose indicada por eles. Tenho pacientes com 7 anos que já fazem isto, mas repito: cada caso é um caso.

Hoje temos canetas de aplicação de insulina super-modernas, fáceis, praticamente indolores (indolores mesmo) e com preço mais acessível.  Mesmo as tradicionais seringas atualmente estão bem menos dolorosas. Com as canetas de aplicação torna-se muito mais fácil o paciente pediátrico, idosos e deficientes visuais a fazer a aplicação de insulina, pois as canetas têm marcação de 1 em 1 unidade (algumas são de 0,5 em 0,5 unidades), dão um clique tátil e sonoro em cada unidade e é mais prática para transportar (não necessitando ficar em caixas com gelo quando em ambientes frescos).

Por fim, para quem se identificou com este texto, amanhã é hora de começar vida nova.

É hora de se iniciar o processo de independência!