segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O que todo paciente deve saber sobre diabetes tipo 2

Apesar de não haver dados estatísticos recentes, estima-se que o diabetes tem prevalência de cerca de 11% da população brasileira. Cerca de 90-95% dos casos são de diabetes tipo 2.

No diabetes tipo 2 o principal defeito é a resistência à ação da insulina produzida pelo pâncreas. Vale lembrar que a insulina é o hormônio que empurra a glicose do sangue para dentro de todas as nossas células. Com esta resistência, o pâncreas acaba tendo de produzir mais insulina para ter o efeito desejado e esta sobrecarga pode levá-lo à exaustão e consequente elevação da glicose no sangue.

Ao contrário do diabetes tipo 1, o diabetes tipo 2 pode ser previnido e caso necessite tratamento, pode ser feito muitas vezes com poucos remédios e até mesmo, em alguns casos, somente com reorientação alimentar e exercícios.

Mas afinal, o que provoca esta resistência insulínica? As causas são várias, mas segue abaixo uma pequena lista:
- fatores genéticos
- obesidade abdominal
- sedentarismo
- tabagismo
- alta ingesta de gorduras trans
- envelhecimento

Se você parar para pensar você verá que a maioria de nós se enquadra em algum dos fatores listados acima.

Infelizmente esta resistência insulínica não causa somente o diabetes tipo 2, mas também pode provocar gota, hipertensão, colesterol e triglicérides alterados, acúmulo exagerado de gordura no fígado e até mesmo certos tipos de cânceres parecem estar associados como o de próstata, mama e intestino.

Quanto mais cedo o paciente se habitua a fazer check-up melhor. Lembramos que os exames de rotina devem ser iniciados em todos a partir dos 20 anos de idade. Naqueles com hístória de diabetes na família, devem ter sua glicemia e demais exames feitos a partir dos 10 anos de idade.

Devido ao fato de estas doenças não induzirem sintomas´agudamente, é comum que um determinado paciente permaneça anos com diabetes tipo 2 sem ao menos sentir nada e isto pode lhe trazer complicações seríssimas no futuro próximo.

Culturalmente ainda existe um ditado que quando se vai ao médico a gente acaba encontrando problemas. Se analisarmos do ponto de vista simplista isto é verdade. Porém, se analisarmos de forma correta, veremos que é melhor termos um diagnóstico precoce e um tratamento eficaz do que um diagnóstico tardio e sem possibilidades de reversão do quadro.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Por que meu pâncreas não produz insulina?

Freqüentemente no consultório recebo pacientes com diabetes tipo 1 de longa duração. O fato interessante é que a grande maioria dos pacientes não sabe ao certo como o diabetes se desenvolve, mesmo sendo portadores  há muitos anos.   
Para começar a explicar devemos relembrar do sistema imunológico. Este sistema imunológico é responsável pelas defesas naturais de nosso organismo contra vírus, bactérias, vermes,  etc. Com ele nós entramos em contato com inúmeros agentes infecciosos a cada minuto sem desenvolver qualquer tipo de sintoma.  Apenas para dar um exemplo, o sistema imunológico funciona como se fosse um policial que protege nosso organismo.
No caso do diabetes tipo 1, o sistema imunológico ficou louco. É isto mesmo! Em vez de ele somente proteger o nosso organismo ele resolve também atacar as células produtoras de insulina localizadas no pâncreas chamadas células β. Este fato é denominado autoimunidade. Com isto, as células β são destruídas e não produz a insulina tão necessária para a nossa sobrevivência.
Ninguém sabe ao certo o motivo pelo qual o sistema imunológico resolve atacar o próprio organismo, as células β.  O que se sabe é que a culpa é 30% da genética e 70% dos fatores ambientais.
Atualmente a teoria mais aceita para o desenvolvimento do diabetes tipo 1 é a seguinte:  
Há tempos atrás (meses ou anos) o paciente entra em contato comum determinado vírus que tem semelhanças com as células β produtoras de insulina. O sistema imunológico então começa a destruir os vírus porém, devido à grande semelhança entre o vírus e as células β, o sistema imunológico começa equivocadamente a agredir as células β.
Fato interessante é que conforme frisado acima este processo de auto-destruição se inicia meses a anos antes da eclosão dos sintomas.  A massa de células β é gradualmente destruída até que o percentual destruído é tão grande que a capacidade secretora de insulina se reduz muito e se iniciam os sintomas como beber muita água, urinar muito e perder peso.
O que não sabemos até hoje é quais são os genes exatamente relacionados ao diabetes tipo 1  e por que alguns pacientes desenvolvem o diabetes e por que outros pacientes não desenvolvem.  Não sabemos também quais vírus ou outros agentes que desencadeiam este processo.
VAMOS NOS MANTER INFORMADOS E CONHECER BEM ESTE TAL DIABETES TIPO 1. MESMO NÃO SENDO MÉDICOS, OS PACIENTES TÊM O DEVER DE ENTENDER TODO O PROCESSO!

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

E o Pâncreas Artificial?

O pâncreas artificial é um sonho de muitos anos que vem se concretizando a cada dia. 
De aparelhos gigantescos não transportáveis dos anos 80 aos modelos atuais superpráticos e acessíveis, muito coisa aconteceu.
Conversando com muitos pacientes meus, uma das maiores argumentações relacionada ao desconforto de ser diabético não está nas aplicações de insulina, medições de glicose ou dieta. Para muitos, o maior problema é ter ritual para cada refeição, ou seja,  ter de contar carboidratos, medir glicemia antes e após a refeição a aplicar a insulina conforme a contagem.  Todo este ritual para muitos é muito entediante tendo em vista que é repetido diariamente várias vezes ao dia.
Muitas vezes este ritual toma a atenção dos pacientes em momentos que eles gostariam de estar focados em outros no trabalho ou estudos, por exemplo.
Na foto abaixo está um exemplo de pâncreas artificial utilizado em estudos com pacientes diabéticos intra-hospitalares durante cirurgias de longa duração. O artigo científico que o mostrou foi publicado em 2009.


                                          



Este aparelho mede a glicemia venosa continuamente e automaticamente o aparelho infunde glicose ou insulina diretamente na veia conforme um algoritmo.
Para quem vê a imagem parece um aparelho grande e monstruoso, mas é um bom exemplo de como a ciência progride a passos largos. Um dos grandes desafios é o algoritmo de aplicação de insulina, pois a infusão automática depende de vários fatores como velocidade de subida ou descida das glicemias, peso, resistência à insulina ou não  e segurança do aparelho.
Outro ponto crucial é desenvolver um modelo que seja aplicável no dia –a-dia de todos, prático, indolor, discreto e confiável.
Na foto abaixo está um dos últimos modelos para uso ambulatorial. Os últimos modelos divulgados em 2010 já promoviam aplicação tanto de insulina como de glucagon nos cateteres de infusão e os resultados foram muito animadores nas pesquisas iniciais. 



Este equipamento azul, um pouco grande, é o dispositivo que calcula a necessidade de insulina, através de um algorítmo, a partir das leituras recebidas do sensor de glicose e envia para a bomba.
É importante destacar que o pâncreas artificial, assim como o transplante de células-tronco não é sinônimo de cura do diabetes, mas uma maneira diferenciada de controle da doença.
Isto não significa que o paciente pode comer tudo o que quer na quantidade que quer. O pâncreas artificial é apenas uma maneira mais fácil e cômoda de se obter controle glicêmico adequado.
Devemos deixar claro que com os esquemas atuais de insulina é possível se obter um excelente controle glicêmico. Apesar de muitos confundirem, as bombas de infusão de insulina disponíveis comercialmente não são o pâncreas artificial pois a dose de insulina aplicada depende do comando e do cálculo do próprio paciente.
Um problema que o pâncreas artificial não resolveu foi a aceitação do diabetes.
Quem teima em fugir ou negar ou brigar contra o diabetes não vai conseguir  vantagem alguma com os novos avanços da medicina. Nenhuma nova tecnologia vai substituir o bom senso, a aceitação, uma dieta adequada e uma prática de exercícios físicos regulares. 
Vamos ficar atentos com as novidades!
Assim que eu souber de mais novidades estarei postando em primeira mão aqui no blog.