quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Finalmente, o Pâncreas Artificial Híbrido!


MiniMed 670G da Medtronic (Bomba de insulina + sensor de glicose subcutânea)
Nesta quarta-feira, dia 28 de setembro de 2016, foi aprovada a bomba de infusão de insulina da Medtronic chamada MiniMed 670G nos Estados Unidos.

Como é esta bomba? 
Trata-se de um grande avanço no tratamento de diabetes tipo 1. Esta bomba, também chamada de "Pâncreas artificial híbrido",  é composta de um sensor que mede a glicose na pele e que envia o valor para a bomba de insulina (Guardian 3). A bomba analisa o resultado e altera a velocidade de infusão de insulina de acordo com o resultado. Além disso, a bomba é capaz de suspender completamente a infusão de insulina em casos de hipoglicemia, podendo salvar vidas. Isto é de especial interesse principalmente no período noturno em que os pacientes estão mais suscetíveis a hipoglicemias sem sintomas!

Ele é considerado híbrido porque ainda não é capaz de "fazer tudo sozinho". Durante as refeições, o paciente deve inserir a informação da contagem de carboidratos e fazer a injeção do bolus de insulina calculada para cada refeição. Frequentemente também será necessário medir a glicemia capilar para re-checagem correta do controle metabólico. 

Esta ainda não é a Bomba de insulina totalmente automática. Mas é um belo passo neste caminho. 

Apesar de o maior estudo com este tipo de bomba ter sido apresentado este mês com grande sucesso durante o Congresso da Associação Européia para o Estudo do Diabetes (EASD) com mais de 120 indivíduos e ter sido muito elogiado, não era esperada sua aprovação pelo FDA (dos Estados Unidos)  ainda neste mês.

Ele foi aprovado apenas nos Estados Unidos e deverá ser lançado no primeiro semestre de 2017 naquele país. Ele poderá ser usado em pacientes com mais de 14 anos e com diabetes tipo 1. Há estudos em andamento em pacientes com menor idade. 

Ainda não há relatos de valor do produto e nem quando estará disponível no Brasil e nos outros países. 

Para saber mais sobre o tema acesse:


Site da Medtronic:

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Aprovada nos EUA caneta de insulina conectada ao Smartphone




Pela primeira vez o FDA (dos Estados Unidos) aprova uma caneta de aplicação de insulina com tecnologia bluetooth e conectada ao smartphone!

Mas qual a vantagem disto? 
Esta caneta é compatível para insulinas Novorapid e Humalog e por ter uma conexão sem fio com o celular, pode ser administrada por um aplicativo específico.

Neste aplicativo é possível ver a quantidade de insulina ativa no organismo, ver a temperatura de sua caneta, é possível fazer cálculo de dose de insulina rápida de acordo com a contagem de carboidratos, e ainda é possível enviar estes dados para seu médico, etc.

Isto anteriormente era possível apenas para quem usava bomba de insulina.  

Na minha opinião isto tende a facilitar muito a administração de dados de insulina tanto para o paciente quanto para o médico assistente e tornar o controle mais fino do diabetes. 



segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Se a cura do Diabetes fosse possível nos dias hoje, os bilionários e governantes estariam imunes. Concorda?


Há muitos anos escuto diversas histórias sobre a cura do diabetes e histórias de uma teoria da conspiração que supostamente impede que a cura seja encontrada.
Este tema é muito recorrente e como sempre temos novos pacientes entrando no mundo doce do diabetes, algumas mentiras são sempre reinventadas, reformuladas e repaginadas.

Sempre surge alguém dizendo que a indústria farmacêutica e os médicos não querem desenvolver a cura por medo de perderem seus empregos... Sempre surge um novo chá milagroso ou cirurgia ou remédio novo promovendo a cura milagrosa. Entra ano e sai ano, tudo isso se repete. Seria impossível responder a cada mentira que é divulgada por aí. 

Como nosso grupo de pesquisa na USP - Ribeirão Preto é pioneiro no mundo com o transplante de células-tronco para tratamento de pessoas com diabetes, diariamente converso e atendo pessoas que acham que promovemos a cura. Como sempre digo, eu seria o primeiro a afirmar que descobrimos a cura!!! (se isso fosse verdade). Nosso grupo sempre foi muito ético neste sentido.... Tanto eu como endocrinologista da equipe, como os líderes do grupo como o Dr Julio Voltarelli, Dra Belinda Simões e Dra Maria Carolina e demais membros do grupo nunca nos deixamos levar por fogos de artifício. 

Mas o que é cura para uma pessoa com diabetes? Seria comer o que quiser, à hora que quiser? A cura seria parar de usar insulina e todos os remédios ? A cura seria ficar em casa sedentário, assistindo TV e jogando videogames 24h por dia?

Como podem ver, até o critério de cura sofre variações... O que é cura para uns, não é para outros.  Para algumas pessoas o problema não é usar insulina, mas sim ter uma dieta saudável... Tenho pacientes adultos que choraram em consulta querendo comer de tudo e sem se importar de usar insulina.... 

Tenho certeza de que o ser humano tende a achar que a pior doença do mundo é aquela que ele sofre no momento. Com certeza, para uma pessoa com diabetes, esta doença é pior do que um câncer, pior do que alcoolismo, etc.  

Por isso, o principal pilar do tratamento do diabetes é a educação e informação. Sem educação e conhecimento não há aceitação e não há ação. 

Somente com informação e troca de informações com seu médico que o paciente com diabetes poderá se precaver de charlatães. 

Leve esta dica com você para driblar qualquer charlatão: duvide de tudo que seja fácil, indolor e rápido!  Sempre que conversar com algum profissional, cheque sua reputação, cheque se é vinculado à alguma universidade de respeito. Cheque publicações e pessoas que fizeram determinado tratamento... 

E lembre-se: se a cura do diabetes fosse possível pessoas ricas e influentes nunca teriam esta doença... Artistas como Paula Toller, Ana Carolina, Sérgio Reis, BB King, Maradona, Nick Jonas, Elke Maravilha nunca teriam a doença. Estadistas como Churchil e  a atual primeira-ministra da Inglaterra, vários presidentes e governantes nunca morreriam desta doença... 

Reflita...  






segunda-feira, 4 de abril de 2016

Pessoas com diabetes (mesmo adultos e idosos) devem ser vacinadas contra gripe, pneumonia e hepatite B!




Como muitos já perceberam, o tratamento do diabetes é muito mais do que controlar as glicemias.

Pessoas com diabetes de todas as idades (especialmente os extremos de idade) têm maior risco de adquirir gripes e pneumonia. O que a maioria não sabe é gripes são porta de entrada para pneumonias e as pneumonias podem ser mortais para as pessoas com diabetes..

Infelizmente muitos serviços de saúde e mesmo endocrinologistas desconhecem ou esquecem de informar seus pacientes da importância da vacinação.

Todos com diabetes devem ter o seu cartão vacinal em dia e eles podem e devem receber todas as vacinas habituais que todos devemos receber, independente do diabetes (por exemplo: tétano, febre amarela, etc).

A Associação Americana de Diabetes recomenda: 


  • Vacina anti-gripe: que deve ser aplicada anualmente no outono; não deve ser indicada para menores de 6 meses de idade e é fornecida pelo SUS para todas as pessoas com diabetes;
  • Vacina anti-pneumonia: a vacina fornecida pelo SUS (Pneumo 23) deve ser reaplicada a cada 5 anos. Caso o paciente tenha condições financeiras, ele pode adquirir a vacina anti-pneumocócica 13 valente que requer apenas uma injeção na maioria dos casos. A vacina Pneumo-23 não deve ser aplicada em menores de 2 anos de idade.
  • Hepatite B: todos devem receber 3 doses da vacina. 
Com o pedido de vacinação do médico em mãos, a rede pública de saúde é responsável por esta vacinação. Em clínicas de vacinação privadas também é possível fazer a imunização.

As vacinas são intra-musculares e praticamente indolores (acreditem!).

segunda-feira, 7 de março de 2016

Por que uma pessoa desenvolve o diabetes tipo 1? Uma resposta ainda longe de ser conhecida!



Esta pergunta é feita a mim diariamente no consultório e por isso resolvi trazê-la para esta discussão.

Como todas as doenças, no início o portador tende a negá-la. A pessoa simplesmente acha que não possui a doença e passa a desprezá-la. Com o passar do tempo, percebe-se que é real a presença de uma determinada doença e então vem a fase de "raiva", a fase em que perguntamos "por que eu?",  "Há tantas pessoas ruins no mundo porque logo eu fui escolhido para ter esta doença?".

Vale ressaltar que sempre achamos que a pior doença do mundo é aquela que nós temos. Para cada um de nós, a doença do vizinho é sempre mais branda que a nossa.

Passadas estas fases, o jeito mesmo é encarar de frente e tratar a doença e viver a vida da melhor forma possível. A instrução sobre a doença e seu reconhecimento faz com que tenhamos menos medo do futuro. Quanto mais informações nós temos, com mais força encaramos nossas doenças.

Com relação ao diabetes tipo 1, todos sabemos que se trata de uma doença autoimune, ou seja, as células do sistema imunológico do indivíduo destroem (de maneira equivocada) as células beta produtoras de insulina localizadas no pâncreas (leia mais sobre a autoimunidade clicando aqui).
Vale lembrar que normalmente o sistema imunológico tem o papel de nos defender contra agentes maléficos como por exemplo vírus, bactérias, fungos, etc.

Mas por que isto acontece? 

Existem várias hipóteses para que o sistema imunológico comece a destruir nosso próprio organismo: uma delas se refere ao fato de termos tido uma infecção no passado e que o micróbio em questão é parecido com alguma molécula da células beta. Isto faz com que nosso sistema imunológico  "se engane" e destrua as células beta erradamente.

O contato com o leite de vaca desde a infância  também é tido como uma causa em potencial do diabetes tipo 1, entretanto, estudos clássicos foram feitos avaliando crianças que ingeriram leite de vaca e também crianças que nunca ingeriram este produto e viram que a incidência de diabetes tipo 1 é igual em ambos os grupos.

Outro fator amplamente discutido é a genética. Entretanto, sabemos que os fatores genéticos têm pouca ligação com o diabetes tipo 1, fato este comprovado pelo fato de não ser tão comum a existência de muitos membros da mesma família com diabetes tipo 1.

Atualmente uma das teorias mais aceitas é a Teoria da Higiene: com o passar dos anos, temos tido mais cuidados sanitários, menos contato com bactérias e até mesmo com a sujeira. Com isto, nosso sistema imunológico, na ausência de ter alguém para "brigar" , começa a destruir células do próprio organismo como as células beta.

Vale à pena destacar que fatores emocionais e estressantes como desastres, separações, falecimentos, etc não têm ligação com a causa do diabetes tipo 1.

Em suma, até o momento, em pleno século XXI ainda não temos idéia do que desencadeia o diabetes tipo 1. Acho que não é uma tarefa fácil mas diversos pesquisadores no mundo todo estão se empenhando em descobrir.

Somente descobrindo a causa do problema poderemos criar ferramentas e estratégias realmente eficazes na prevenção desta doença.

Vamos em frente!!!!



Acesse também outras matérias

Quais os critérios para participar das pesquisas com células-tronco para diabetes tipo 1?
http://carloseduardocouri.blogspot.com.br/2013/03/por-que-o-transplante-de-celulas-tornco.html


Programa "Como Será"da Sandra Annenberg fala sobre transplante de células-tronco para diabetes.
http://carloseduardocouri.blogspot.com.br/2015/05/programa-como-sera-de-sandra-annenberg.html

Jornal do SBT fala dos 10 anos da hitória do transplante de células-tronco para diabetes, desenvolvido pioneiramente no Brasil.
https://www.youtube.com/watch?v=0d4n2roF5sA&feature=youtu.be




domingo, 6 de março de 2016

Quais são os critérios iniciais para participar das pesquisas com células-tronco para diabetes tipo 1 da USP - Ribeirão Preto?


É com muita satisfação que o Brasil é pioneiro mundial no uso de células-tronco para diabetes tipo 1. Nossas pesquisas se inciaram em 2003 e seguem até hoje. Infelizmente não promovemos cura mas sim tentamos uma maneira inovadora e singular na sua abordagem.
Como mostramos bem, tratam-se apenas de pesquisas e muito teremos que estudar para chegar em qualquer conclusão.
Vale destacar que nossa equipe da Unidade de Transplante de Medula Óssea do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto - USP é enorme e montada pelo Prof Júlio Voltarelli. Temos na equipe enfermeiros, auxiliares de enfermagem, terapeutas ocupacionais, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, médicos de outras especialidades, ou seja, somos um grande time.
Atualmente o grupo geral está sob coordenação da Dra Belinda Simões, juntamente com a Dra Maria Carolina Oliveira. Nossos estudos foram aprovados pelo FDA e disseminados  e replicados na Europa e Ásia. 

Para ser voluntários são necessários preencher inúmeros critérios de inclusão sendo que os iniciais são:
Idade entre 18 e 35 anos;
Diabetes tipo 1 há menos de 6 semanas.

Por que o transplante de células-tronco não é cura para o diabetes tipo 1 ?

Desde as primeiras notícias na mídia leiga sobre os estudos de nosso grupo da USP-Ribeirão Preto, muitas pessoas fazem um link entre transplante de células-tronco e cura do diabetes tipo 1. É óbvio que a cura é o principal objetivo de qualquer médico ou pesquisador.

Devemos nos lembrar porém que o diabetes tipo 1 é uma alteração crônica da glicemia e da secreção de insulina e seu tratamento baseia-se em alguns pilares que são:
1- Compreensão  e aceitação da doença;
2- Alimentação saudável;
3- Exercícios físicos regulares;
4- Insulinoterapia;
5- Monitorização de glicose

Como se pode ver, o que conseguimos no transplante até hoje é suspender o uso de insulina em vários pacientes ao longo do tempo. Porém, em nossas pesquisas, recomendamos veementemente que nossos pacientes mantenham a atividade física regular, alimentação saudável e medição regular das glicemias capilares.

Temos pacientes que ficaram livres de insulina por longo período e retomaram o uso de insulina novamente. Certamente, em muitos casos, se o paciente tivesse seguido as recomendações adequadamente ele conseguiria ficar ainda mais tempo sem usar insulina.

Com muita frequencia recebo no consultório pacientes diabéticos ou seus familiares dizendo que procuram o transplante de células-tronco porque não aceitam o diabetes e querem viver sem ele. Nestes casos, faltam-lhes o alicerce básico para o correto tratamento do diabetes e sem isto não podemos fazer nada.

O transplante de células-tronco não é uma fuga, mas sim uma pesquisa muito séria que avalia uma das principais promessas da humanidade no tratamento de uma doença comum que é o diabetes tipo 1.

Quem nos procura tentando viver a vida chamada "normal" geralmente comete um grande engano. Estas pessoas muitas vezes acham normal comer doce e açúcar diariamente; acham normal comer aqueles biscoitinhos condimentados repletos de gordura e sal; acham normal comer fast-food com frequencia; acham normal ser sedentários e comer coxinha e esfiha no recreio da escola; acham normal almoçar e repetir o prato 2 ou 3 vezes e nem sequer comer uma verdura ou um legume.

O que nós queremos é que nossos pacientes tenham uma vida saudável e com qualidade de vida, níveis de glicemia adequados e muita disposição para viver aceitando o diabetes e não vendo-o como um inimigo, mas sim como um aliado. Tenho muitos pacientes que melhoraram muito de vida após o diabetes. Graças ao diabetes que eles hoje se preocupam mais com uma vida saudável. 

Vamos refletir...


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Pesquisa pioneira mundialmente realizada pela USP - Ribeirão Preto é destaque no Jornal Nacional