domingo, 29 de janeiro de 2012

Acaba de ser aprovado pelo FDA o mais nova opção terapêutica para diabetes tipo 2: BYDUREON

Acaba de ser aprovado pelo americano FDA o mais novo medicamento que pode ser utilizado no tratamento do diabetes tipo 2: o BYDUREON. 

O BYDUREON é considerado "primo"do recém-lançado VICTOZA e do remédio há mais tempo no mercado chamado BYETTA. A substância contida nele é o exenatide de liberação lenta. Exenatide é uma substância semelhante àquela liberada pelo nosso intestino quando ingerimos o alimento. Esta substância é chamada GLP-1.

Esta classe de remédios que têm ação semelhante ao GLP-1 humano promove redução da glicemia pelo fato de esta substância estimular a secreção de insulina pelo pâncreas e redução do hormônio glucagon (também produzido pelo pâncreas). Para quem não sabe o glucagon eleva a glicose no sangue, ou seja, e é contrário à ação da insulina.

Além disso, o GLP-1 atua no centro da fome localizado no cérebro induzindo a uma redução da fome. O GLP-1 também atua no estômago fazendo com ele fique mais lento para se esvaziar quando nos alimentamos. Com isso, o paciente refere que quando come pequenas quantidade de alimentos já sente o estômago mais cheio, não tolerando portanto ingerir grandes quantidades de comida. 

Por isso, esta classe tem como um dos efeitos paralelos atraentes promover redução de peso. Mas é bom deixar claro: NÃO SÃO REMÉDIOS PARA EMAGRECER, E SIM PARA TRATAR DIABETES TIPO 2. ELES SÓ SÃO  INDICADOS PARA PACIENTES COM DIABETES TIO 2 E NÃO SE RECOMENDA O SEU USO PARA OBESOS NÃO-DIABÉTICOS. 

O principal fator diferencial do recém-aprovado BYDUREON é o fato de ser injetado por via subcutânea apenas semanalmente. O primeiro da classe lançado, o BYETTA, tem aplicação subcutânea 2 vezes ao dia; já o VICTOZA é injetado via subcutânea 1 vez por dia. 

É bom deixar claro que apesar de ser injetável, NÃO É INSULINA

O BYDUREON foi aprovado na Europa previamente e acaba de ser aprovado nos Estados Unidos. 

É possível que tenhamos mais esta opção disponível no mercado brasileiro em alguns meses. Porém, para isto, deveremos aguardar aprovação de nosso departamento regulamentador, a ANVISA. 

Leia mais sobre VICTOZA em:
http://www.carloseduardocouri.blogspot.com/2011/09/victoza-para-tratamento-de-obesidade.html

Leia mais sobre o diabetes tio 2 em:
http://www.carloseduardocouri.blogspot.com/2011/02/o-que-todos-paciente-deve-saber-sobre.html


Frasco com o pó do medicamento
 Exenatide de liberação lenta
Caixa do BYDUREON à venda nos EUA

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Em 23 de janeiro de 2012 iniciou-se uma nova era mundialmente: o uso de células-tronco de embriões

Em 1998 cientistas conseguiram pela primeira vez isolar e cultivar células-tronco embrionárias. O cultivo de células-tronco significa que se conseguiu obtê-las de embriões e em seguida conseguiu-se fazê-las proliferarem em ambiente controlado de laboratório. 

Todos nós sabemos o potencial das células-tronco embrionárias na medicina regenerativa, devido à sua capacidade de se diferenciar em células de quase todos os tecidos humanos. 

De maneira interessante, as células-tronco embrionárias se caracterizam em laboratório por formarem o que chamamos de teratoma, ou seja, elas são capazes de produzir tecidos benignos porém desorganizados e com células de diversas partes de nosso organismo como osso, cartilagens, etc. 

Por isso que os estudos com células-tronco embrionárias nunca podem ocorrer com a infusão direta destas células nos indivíduos, sob o risco de se desenvolver teratoma nos pacientes. 

Em outubro de 2010 pela primeira vez a um grupo de pesquisa deu início a pesquisas com células-tronco embrionárias e isto foi bem divulgado pela imprensa leiga. A Empresa americana privada chamada Geron iniciou as pesquisas com 4 pacientes portadores de lesão na medula espinhal e receberam células-tronco embrionárias que foram previamente diferenciadas (convertidas) em células neuronais (oligodendrócitos). Vale à pena ressaltar que os pacientes tiveram que receber imunossupressão por 60 dias pois as células-tronco embrionárias infundidas eram de outro indivíduo.
Por incrível que pareça este estudo nem foi publicado e todos abandonaram a nau por falta de investimento financeiro e voltou-se a estaca zero. 

Felizmente em 23 de janeiro de 2012 um grupo formado por pesquisadores da Universidade da Califórnia e da Empresa Privada Advanced Cell Tecnhnology (Steven D Schwartz e colaboradores) publicaram o primeiro artigo mostrando os efeitos e segurança da infusão de células-tronco embrionárias diferenciadas em células da retina em 2 pacientes com formas distintas de cegueira, degeneração e distrofia macular. Este artigo foi publicado pela revista Lancet.

O estudo é muito preliminar e mostra principalmente segurança e em curto espaço de tempo mostra melhora na acuidade visual. Independentemente dos resultados, isto abre portas para inúmeros grupos de pesquisa trabalharem em diversos campos e em diversas doenças. 

Será que o diabetes pode ser um alvo?

A princípio sim, mas é sempre bom destacarmos que há estudos com células-tronco adultas e até mesmo do próprio paciente em andamento. Devemos lembrar também que as células-tronco adultas podem ter potencial muito bom de regeneração de alguns tecidos também. Se usarmos células-tronco do próprio paciente ainda poderemos poupá-lo da imunossupressão, pois estará recebendo células com o seu mesmo material genético. 

Não poderia deixar de mencionar que em Abril de 2007 publicamos o primeiro estudo em humamos no JAMA (Journal of the American Medical Association) mostrando os benefícios do transplante de células-tronco hematopoéticas autólogas (do próprio paciente) no controle do diabetes tipo 1 e foi novamente publicado em 2009 no mesmo jornal. 

Vale à pena destacar o promissor uso das células-tronco adultas mesenqumais que possuem propriedades regenerativas, anti-inflamatórias e imunomoduladoras e são portanto uma ótima opção para os 2 tipos principais de diabetes. 

Enfim, no momento não sabemos qual a melhor célula, qual o melhor modo de infundi-las, quais as doenças serão potencialmente curadas ou amenizadas com o uso de células-tronco. Entretanto, uma coisa sabemos: estudos são necessários para testarmos nossas hipóteses e estamos vivenciando uma nova era assim como um dia se deu início à era dos antibióticos. 

Espero que estejamos saudáveis para ver o final desta história...

Imagem de um emaranhado de células-tronco embrionárias