Em 1998 cientistas conseguiram pela primeira vez isolar e cultivar células-tronco embrionárias. O cultivo de células-tronco significa que se conseguiu obtê-las de embriões e em seguida conseguiu-se fazê-las proliferarem em ambiente controlado de laboratório.
Todos nós sabemos o potencial das células-tronco embrionárias na medicina regenerativa, devido à sua capacidade de se diferenciar em células de quase todos os tecidos humanos.
De maneira interessante, as células-tronco embrionárias se caracterizam em laboratório por formarem o que chamamos de teratoma, ou seja, elas são capazes de produzir tecidos benignos porém desorganizados e com células de diversas partes de nosso organismo como osso, cartilagens, etc.
Por isso que os estudos com células-tronco embrionárias nunca podem ocorrer com a infusão direta destas células nos indivíduos, sob o risco de se desenvolver teratoma nos pacientes.
Em outubro de 2010 pela primeira vez a um grupo de pesquisa deu início a pesquisas com células-tronco embrionárias e isto foi bem divulgado pela imprensa leiga. A Empresa americana privada chamada Geron iniciou as pesquisas com 4 pacientes portadores de lesão na medula espinhal e receberam células-tronco embrionárias que foram previamente diferenciadas (convertidas) em células neuronais (oligodendrócitos). Vale à pena ressaltar que os pacientes tiveram que receber imunossupressão por 60 dias pois as células-tronco embrionárias infundidas eram de outro indivíduo.
Por incrível que pareça este estudo nem foi publicado e todos abandonaram a nau por falta de investimento financeiro e voltou-se a estaca zero.
Felizmente em 23 de janeiro de 2012 um grupo formado por pesquisadores da Universidade da Califórnia e da Empresa Privada Advanced Cell Tecnhnology (Steven D Schwartz e colaboradores) publicaram o primeiro artigo mostrando os efeitos e segurança da infusão de células-tronco embrionárias diferenciadas em células da retina em 2 pacientes com formas distintas de cegueira, degeneração e distrofia macular. Este artigo foi publicado pela revista Lancet.
O estudo é muito preliminar e mostra principalmente segurança e em curto espaço de tempo mostra melhora na acuidade visual. Independentemente dos resultados, isto abre portas para inúmeros grupos de pesquisa trabalharem em diversos campos e em diversas doenças.
Será que o diabetes pode ser um alvo?
A princípio sim, mas é sempre bom destacarmos que há estudos com células-tronco adultas e até mesmo do próprio paciente em andamento. Devemos lembrar também que as células-tronco adultas podem ter potencial muito bom de regeneração de alguns tecidos também. Se usarmos células-tronco do próprio paciente ainda poderemos poupá-lo da imunossupressão, pois estará recebendo células com o seu mesmo material genético.
Não poderia deixar de mencionar que em Abril de 2007 publicamos o primeiro estudo em humamos no JAMA (Journal of the American Medical Association) mostrando os benefícios do transplante de células-tronco hematopoéticas autólogas (do próprio paciente) no controle do diabetes tipo 1 e foi novamente publicado em 2009 no mesmo jornal.
Vale à pena destacar o promissor uso das células-tronco adultas mesenqumais que possuem propriedades regenerativas, anti-inflamatórias e imunomoduladoras e são portanto uma ótima opção para os 2 tipos principais de diabetes.
Enfim, no momento não sabemos qual a melhor célula, qual o melhor modo de infundi-las, quais as doenças serão potencialmente curadas ou amenizadas com o uso de células-tronco. Entretanto, uma coisa sabemos: estudos são necessários para testarmos nossas hipóteses e estamos vivenciando uma nova era assim como um dia se deu início à era dos antibióticos.
Espero que estejamos saudáveis para ver o final desta história...
Imagem de um emaranhado de células-tronco embrionárias |