domingo, 7 de maio de 2017

Um medidor de glicose sem picadas nos dedos e que dura um ano


Nos últimos anos, temos vivenciado uma grande mudança na qualidade de vida de pessoas com diabete e isto se deve especialmente à evolução da monitorização da glicose no sangue.

Testemunhamos, há pouco, o lançamento de uma tecnologia desenvolvida pela Abbott que dispensa as famosas picadinhas nos dedos. Trata-se de um sensor que fica na superfície da pele ligado à sua camada subcutânea por meio de um finíssimo fio de 0,5 centímetro de comprimento.

Para fazer a leitura da glicemia, basta aproximar um aparelho (o leitor) que capta as ondas eletromagnéticas do sensor e aponta como estão os níveis de açúcar. Nesse caso, o sensor fica exposto e deve ser usado com certo cuidado pois não deve ficar imerso em água por mais de 30 minutos e pode se soltar em caso de impactos. Além disso, cada sensor tem duração de 14 dias.

Não bastasse o avanço inaugurado por essa tecnologia, já está na fila para ser lançado em breve outro aparelho, este da empresa GlySens Incorporated. Falamos agora de um sensor que tem a possibilidade de durar mais de um ano. Trata-se de um aparelho em formato de disco com 4 centímetros de diâmetro e 1,5 centímetro de espessura que é implantado debaixo da pele. Para a instalação, faz-se um pequeno corte e se deposita o sensor. Em seguida a pele é suturada.

A vantagem do método é que ele é menos vulnerável a traumas, a esportes radicais e a própria água, pois fica, digamos, escondido dentro da pele. O sistema faz medições da glicose a cada dois minutos. Para a leitura, aproxima-se da pele um leitor que capta as ondas eletromagnéticas do GlySens — à semelhança da tecnologia da Abbott.

Estudos em animais foram muito promissores e o dispositivo chegou a ficar implantado nas cobaias por até um ano e meio. Os experimentos em seres humanos estão em andamento e ainda não há previsão de lançamento no mercado mundial. Aguardamos agora os dados de segurança e acurácia do aparelho.

Enquanto ele não vira realidade, vamos continuar mantendo o bom controle da glicose e evitando as complicações típicas de quando os valores se encontram desequilibrados.

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Células-tronco para evitar amputações: Pesquisas estão avançadas!







As células-tronco possuem capacidade de promover a regeneração de muitos tecidos, vasos sanguíneos e até mesmo alguns orgãos.

Muitos estudos precisam ser feitos para saber se nossas expectativas vão se concretizar ou não e isto é fundamental para a medicina feita com ética e seriedade.

Em fevereiro de 2017 pesquisadores italianos publicaram uma grande revisão de todos os estudos feitos em pacientes com problemas sérios de circulação nas pernas e em alguns casos com grande risco de amputação.

Pasmem todos: no total foram desenvolvidos 67 estudos até o momento com 2332 pacientes envolvidos, sendo 60% de pessoas com diabetes. Infelizmente nem todos os estudos foram de boa qualidade e isto é um a crítica frequente em estudos com células-tronco.

Nesta revisão,  foram feitas infusões de células-tronco dos próprios pacientes colhidas a partir da medula óssea deles mesmo. As infusões das células foram feitas tanto na panturrilha como  nas artérias das pernas.

O que se concluiu com base nos dados e no seguimento médio de 2,5 anos é que o transplante de células-tronco do próprio paciente é capaz de reduzir o número de amputações e é capaz de promover uma maior chance de melhora das feridas nas pernas.

* Vale destacar que o uso de células-tronco no Brasil somente pode ser feito como forma de pesquisa, após aprovação dos comitês de ética e sem custos aos participantes.  O bom controle da glicose é fundamental tanto para a prevenção quanto para o tratamento das feridas nas pernas.




Referência do estudo: 


Autologous Cell Therapy for Peripheral Arterial Disease: Systematic Review and Meta-Analysis of Randomized, Non-Randomized, and Non-Controlled Studies.
Rigato M, Monami M, Fadini GP.
Circ Res. 2017 Jan 17. pii: CIRCRESAHA.116.309045. doi: 10.1161/CIRCRESAHA.116.309045. 







quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Metformina: "camisa 10" no time do tratamento do diabetes tipo 2



O diabetes tipo 2 é uma doença cada vez mais comum. Acomete principalmente adultos maduros e idosos que possuem obesidade abdominal, hipertensão e alterações nos triglicérides e colesterol. Nos anos 2000 estamos também testemunhando o aumento na prevalência de diabetes tipo 2 também em crianças e adolescentes.

Não há dúvidas de que fatores genéticos influenciam no surgimento do diabetes tipo 2, porém o fatores mais associado ao aumento de incidência desta doença são os maus hábitos de vida como sedentarismo e o excesso de ingesta calórica. 

Diversos estudos mostraram que a manutenção de hábitos de vida saudáveis é capaz de prevenir o diabetes tipo 2 e isto é fundamental também para os já portadores da doença. 

Entretanto, sabemos que logo após o diagnóstico, cerca de 70% da função pancreática já se deteriorou e   temos que manter este pâncreas funcionando por mais tempo possível. 

Por isso, o conceito mais atual de tratamento do diabetes é o uso de 2 ou 3 medicamentos logo após o diagnóstico clínico da doença.

Ao longo do anos inúmeros remédios foram lançados e nos ajudaram a controlar melhor o diabetes. Vários recém-lançados até com intensa divulgação na mídia leiga e com custos altos. 

Entretanto, costumo sempre explicar aos meus pacientes que apesar de a Metformina ser um remédio relativamente antigo e fornecido gratuitamente na rede básica de saúde ou no programa farmácia popular do Governo, trata-se do melhor remédio para o diabetes tipo 2. Todos os lançamentos que chegam no mercado fazem estudos mostrando seus benefícios principalmente quando associados à metformina. 

Conforme disse anteriormente, muitas vezes ou na maioria das vezes devemos usar mais de um medicamento para o tratamento do diabetes tipo 2 e certamente o camisa 10 deste time é a Metformina. 

Além da sua elevada potência em reduzir a glicose no sangue, ele possui inúmeros efeitos benéficos listados na figura abaixo.



Poucos efeitos colaterais são presenciados com este medicamento sendo que os mais comuns diarréia e dor abdominal que acometem cerca de 10% dos pacientes nas primeiras semanas. Este efeito felizmente é transitório e é fundamental o paciente manter o uso até a redução deste inconveniente.

Em alguns pacientes ocorre a evacuação de alguns comprimidos juntamente com as fezes. Isto é desagradável porém não se deve preocupar porque o que é expelido é apenas o gel duro sem a substância ativa. Esta substância já fora absorvida no tubo intestinal previamente.

Portanto, em meio a inúmeros lançamentos para o tratamento do diabetes tipo 2, permanece nosso camisa 10 titular do time: a nossa boa e velha Metformina.

Como sempre, vale ressaltar que o uso de qualquer medicamento, inclusive a Metformina deve sempre ser feito conforme prescrição do seu médico de confiança.