segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

E o Pâncreas Artificial?

O pâncreas artificial é um sonho de muitos anos que vem se concretizando a cada dia. 
De aparelhos gigantescos não transportáveis dos anos 80 aos modelos atuais superpráticos e acessíveis, muito coisa aconteceu.
Conversando com muitos pacientes meus, uma das maiores argumentações relacionada ao desconforto de ser diabético não está nas aplicações de insulina, medições de glicose ou dieta. Para muitos, o maior problema é ter ritual para cada refeição, ou seja,  ter de contar carboidratos, medir glicemia antes e após a refeição a aplicar a insulina conforme a contagem.  Todo este ritual para muitos é muito entediante tendo em vista que é repetido diariamente várias vezes ao dia.
Muitas vezes este ritual toma a atenção dos pacientes em momentos que eles gostariam de estar focados em outros no trabalho ou estudos, por exemplo.
Na foto abaixo está um exemplo de pâncreas artificial utilizado em estudos com pacientes diabéticos intra-hospitalares durante cirurgias de longa duração. O artigo científico que o mostrou foi publicado em 2009.


                                          



Este aparelho mede a glicemia venosa continuamente e automaticamente o aparelho infunde glicose ou insulina diretamente na veia conforme um algoritmo.
Para quem vê a imagem parece um aparelho grande e monstruoso, mas é um bom exemplo de como a ciência progride a passos largos. Um dos grandes desafios é o algoritmo de aplicação de insulina, pois a infusão automática depende de vários fatores como velocidade de subida ou descida das glicemias, peso, resistência à insulina ou não  e segurança do aparelho.
Outro ponto crucial é desenvolver um modelo que seja aplicável no dia –a-dia de todos, prático, indolor, discreto e confiável.
Na foto abaixo está um dos últimos modelos para uso ambulatorial. Os últimos modelos divulgados em 2010 já promoviam aplicação tanto de insulina como de glucagon nos cateteres de infusão e os resultados foram muito animadores nas pesquisas iniciais. 



Este equipamento azul, um pouco grande, é o dispositivo que calcula a necessidade de insulina, através de um algorítmo, a partir das leituras recebidas do sensor de glicose e envia para a bomba.
É importante destacar que o pâncreas artificial, assim como o transplante de células-tronco não é sinônimo de cura do diabetes, mas uma maneira diferenciada de controle da doença.
Isto não significa que o paciente pode comer tudo o que quer na quantidade que quer. O pâncreas artificial é apenas uma maneira mais fácil e cômoda de se obter controle glicêmico adequado.
Devemos deixar claro que com os esquemas atuais de insulina é possível se obter um excelente controle glicêmico. Apesar de muitos confundirem, as bombas de infusão de insulina disponíveis comercialmente não são o pâncreas artificial pois a dose de insulina aplicada depende do comando e do cálculo do próprio paciente.
Um problema que o pâncreas artificial não resolveu foi a aceitação do diabetes.
Quem teima em fugir ou negar ou brigar contra o diabetes não vai conseguir  vantagem alguma com os novos avanços da medicina. Nenhuma nova tecnologia vai substituir o bom senso, a aceitação, uma dieta adequada e uma prática de exercícios físicos regulares. 
Vamos ficar atentos com as novidades!
Assim que eu souber de mais novidades estarei postando em primeira mão aqui no blog.