Acabo de chegar de mais um meeting promovido pela Northwestern University em Chicago. Esta importante universidade norte-americana tem o maior número de transplante de células-tronco para tratamento de doenças autoimunes do mundo. Eles já fizeram mais de 400 transplantes e as doenças transplantadas incluem lúpus eritematoso, artrite reumatóide, doença de Crohn, esclerose múltipla, esclerose sistêmica e outras doenças autoimunes.
Neste encontro de 2 dias com pesquisadores dos Estados Unidos, Canadá, França, Reino Unido e Suécia o tempo foi subdividido para discussões e para mostrar a experiência de cada grupo com cada doença em específico.
Em meio a diversas "feras" mundiais estávamos eu e o Prof Júlio Voltarelli representando o Brasil (vide foto abaixo).
Alguns fatos merecem destaque neste meeting:
1- Apesar de os Estados Unidos (FDA) terem aprovado nosso protocolo para uso de células-tronco para diabetes tipo 1, eles não têm nenhuma experiência em humanos nem mesmo a poderosa Harvard University;
2- Por incrível que pareça, os únicos grupos no mundo até o momento com unidades exclusivas para tratamento de doenças autoimunes com células-tronco são a Northwestn University de Chicago e o HC Ribeirão Preto - USP.
Obviamente que a terapia celular ainda é um tema muito controverso no geral, mas neste meeting destacou-se o fato de sermos o único grupo convidado com experiência em humanos com diabetes tipo 1.
Outros grupos no mundo que estão replicando nossa pesquisa são Universidade de Varsóvia na Polônia e de Nanjing na China. estes 2 grupos juntos estudaram menos de metade dos pacientes que já tivemos. Estes grupos ñão foram convidados.
Mas por que o Brasil está na frente?
Tanto no transplante com quimioterapia+células-tronco hematopoéticas como o transplante de células mesenquimais somos pioneiros mundiais e certamente nossa legislação sobre ética em pesquisa com células-tronco maduras (não-embrionárias) está muito avançada.
O ponto-chave para isto é sem dúvida a capacidade inovadora inerente ao Brasil e pelo fato de nos "virarmos da forma que dá", apesar de todas as dificuldades.
Retorno deste encontro com muita força para continuar com ainda mais afinco. Nossa estrutura ainda deixa a desejar em relação os países desenvolvidos no momento. Imagine só se tivéssemos apoio financeiro que eles têm? Lembre-se de que estou falando de uma Escola Médica localizada no interior de São Paulo.
Pena que no Brasil todos os pesquisadores acabam tendo que se "virar nos 30" para conseguir realizar sonhos, mudar a vida das pessoas e ter produção científica de alto nível.
Mas este é o caminho! ... Vamos em frente ! ....